quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Aqui está a terra


Aqui está a terra,
e vou contá-la
aos poucos e aos muitos,
começo com o vulcão
adormecido no teu peito gigante,
glacial, porque não fere,
aqui está a terra,
adormecida e forte.
A terra é minha vida,
cheia de plantas,
insetos, flores sem nome.
Esquecida, porque ninguém
traduziu a linguagem da
natureza.
Amadureceu na terra
a raiz, a suprema raiz
de todas as árvores,
e queimaram-nas os lenhadores,
e fizeram casas,
fundaram-nas na terra,
no alicerce terrestre,
e ali no seu gemido,
ó terra, imensa e fria,
vimos o sangue e o vinho.
Aqui está a terra,
e tudo passa por ela.
Tudo para ela é vida
tudo para ela é morte.
Ela não agradece
porque não está contente,
nem descontente.
Apenas está como está:
terra bruta, terra santa,
terra imóvel.

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