sábado, 17 de março de 2018

Dorme a noite



Dorme a noite
fria e esquecida
embalsamada
em sonhos delirantes
e em pequenas asas
vemos mapas e constelações
   distantes.

Dorme a noite
fria e úmida 
de luares e sóis
que se
congelam
ardendo em furias
e pratas quebradas
como asas de
aves 
recém capturadas.

Dorme a noite
fria e esquecida
e as janelas fechadas
são faróis de poesia.
No muro das casas
vemos o vento
balançando como
sinos sinetas misteriosas
vão vindo como gritos.

Dorme a noite
fria e esquecida
enquanto os nossos
beijos de pergaminhos
vislumbram bíblias.

Dorme a noite
fria e esquecida
e nossas almas galopam
como serafins banidos
e nossos olhos queimam
como o 
fogo repartido
das fogueiras assassinas
de nossos próprios suspiros.

Dorme a noite
fria e esquecida
enquanto o arame
dos campos de holocaustos
são erguidos com nosso dinheiro
vemos os povos morrendo
suspirando por água comida
e os pobres, esses pobres,
genuínos beduínos
gritam por outra coisa
espadas de ciganos feridos.

Dorme a noite
fria e esquecida
e a saudade é como o mel
e o amor é um carrossel conspícuo.
As grades estão fervendo.
E o nosso paraíso destruído! 

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