Agora vou te amar como sempre te amei
exatamente agora enquanto marcam os minutos
os ponteiros exagerados que quando queremos
atrasam e quando não queremos adiantam-se.
Por isso vou te amar agora com a voz fanha
com a colher com os poemas saltando pela garganta
não, não vou ver tumbas, nem girassóis nem trevas
nem diamantes, nem dias, nem noites, só irei te amar
te amar como amam os coelhos velozes no campo
te amar como os cipós enforcando as árvores tombadas
te amar como o rio que segue seu caminho sem saber para onde.
Irei te amar com colheitas e com lágrimas e com vidros
irei te amar mesmo quando já não me ames mais
e quando tombarmos em silêncio e nossas vozes se encontrarem
no céu nos abismos espectrais dos cosmos abertos
irei te dizer por uma última vez, te amo, e irei te ouvir responder,
me amas? até quando?!
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