terça-feira, 24 de outubro de 2017

Violino, violina

Violino, violina

...e por tudo isso o amor nos sangra...

Mas você me viu,
frio como o campo,
gelado como o sol,
frio como o dia frio,
noturno como a noite.
E eu te via raiando
com o ventos nos lábios,
beijando-me com o fogo
do coração imóvel,
enquanto eu escrevia
moto de versos, morto
como os jornais.
Mas você me via,
não me via? morto
pelos campos, com
as mãos inchadas de
mariposas, com os
olhos cheios de grilos.
Sua voz não me alcançava,
nem a manhã me ofendia.
Você não era judia, e mesmo
assim eu te decifrava o talmud.
O meio não é o nosso fim,
mas você me via, você me viu,
ridículo como as gaivotas mudas,
cheio de torturas, amargo, vivo,
como todos os objectos.
E no final os nossos corações
se tornaram uma só máquina.
O pulso da vida era aquele olhar
de peixe, de rocha, de nuvem.
Por fim o nosso amor
se elevou até o céu como elias,
queimando nas mãos de Deus,
ardendo nas imensidões eternas!

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