sábado, 14 de outubro de 2017

O dia

O dia

E começa o dia, e já não começa, e recomeça tudo
na claridade que flui com a luz dançando
nas espigas coradas dos olhos, nas entrelinhas
dos cadernos manchados de versos, nos livros
esquecidos nas estantes da biblioteca fechada.
O dia surge, manchado de claridade, atrapalhando
a noite e os sonhos desperdiçados de petróleo.
E arde, queima, o dia dança com as sereias,
os pássaros cantam pelas janelas saudando
as nuvens, o céu azul, a luz ofuscante do sol
movendo as pedras, os homens, as moças,
sem dó nenhuma o dia vai sendo dia querendo
se camuflar de azul, querendo ser céu e vento.
E o dia vai se movimentando em seu movimento
largo e lento de trabalhos, tristezas nas mãos
daquele que faz o cimento e o cal, aquele que
traz para a casa o seu suor de dor e alegria.
Depois o dia morre e seu funeral é negro e belo
como os olhos da japonesa e da coreana que
também amou o dia que se foi e que agora recomeça.

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