sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A noite regressa


E a noite regressa fria e chega partindo
os cristais chega levando os bosques
com o vento assobiando canções sem memórias
chorando lentas lágrimas amores que vão mares
sombrios lentos camuflados sonhos no assobio
a melancolia dos sinos a ode perfeita os laços
as máscaras os sonhos todas as misturas possíveis
dos surrealismos desperdiçados pelas esquinas das
bocetas dos becos das margens dos pequenos
furtos delitos dos tigres roubos anzóis, marés inchadas.
E regressa cuspindo versos bíblicos e regressa sendo
ao mesmo tempo a estrela do sono a valsa da lua
o luar incendiado antes que o dia fosse noite ou a
noite fosse dia alguns relinchavam versos para os
poetas enamorados nas namoradas escuras e claras
as flores as flores mortas e colocadas no beco ou na
própria margem de uma sociedade injusta de um lugar
aborrecível como uma cidade esburacada no meio de
são paulo ou a margem de qualquer estado que não fosse
brasileiro nem runas nem livros nem comida nem sonho
apenas mel ou lírio ou campo ou mulher ou fogo e sempre
a mesma coisa seria dita sempre o mesmo verso seria
colocado no mesmo pedestal de serenidade para
celebrar um mundo decadente com odes tão certas
e os crepúsculos levariam em suas asas algo que não
fosse idioma ou levaria as lindas virgens e os pequenos
pecados praticados pelo dinheiro ou não poderia mais
escrever a linha férrea entre o trem e a neve entre a
verdade e vida encouraçadas pela mesma ironia e mesmo
com o regresso lento não sei se visto máscara
ou se esse rosto que carrego é azul e cinzento!

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