segunda-feira, 29 de maio de 2017

Última canção feliz de amor


    Fragrância noturna...
É claro que os seus olhos
 noturnos dormem em um luar de mariposa.
E sua boca cheia de estrelas e mel
 quantos poemas carregas em tua voz.
Companheira minha, isso é a vida,
 o amor que une, que entrelaça.
Nessa melodia de perfumes que de ti
 exala em vida, em fogo, em sonho, em luz.
Sorrio e desde o fundo do céu sorris.
 Porque te amo; e tu amas a mim!

Nova canção de amor feliz


Uma valsa
nossos beijos
sabem que 
uma valsa
é o ar dos
nossos beijos
uma valsa
que abre
a noite
que fecha
o céu
em uma
chuva tão
pura
tão profunda
quanto o amor
e o nosso amor
é a fúria que arde
tocha viva
da música
que nos cabe
cantar e ouvir
para existirmos
e existir!

Canção de amor feliz


Quantas taças
de luzes, quantos
mares em nossos
beijos, sorrisos.

Danças e danças
como nuvens bailando
ao acaso do céu.

Quantas luzes,
quantas noites
quentes em teus
peitos, quadril.

És o fogo da vida,
amada minha.
Por isso inspiras
tanto minha poesia.

Última canção triste de amor


Ela que não tem nome
ela que não tem pátria
ela que é poetisa de vidro
ela que é areia e nada
ela que é mar e tudo
ela que é cimento e pedra
ela que é a visão misteriosa
ela que é a última
canção da primavera
que hiberna.

Nova canção de amor triste


Dorme o sol
dos nossos beijos

refletidos na areia.
Ai, como dorme,

ai como dormem, dormem.

Dorme a lua
dos nossos beijos

no espaço da primavera.

Ai, como dorme,
ai como dormem, dormem.

Nossos beijos azuiszinhos
coroados de anjinhos.

Cristalinas são as
ancas do teu coração.

Ai, como chove
ai como chove, chove!

Canção de amor triste


O meu rosto
ficou no deserto.
Estrelas vermelhas chorando!
Minhas mãos de papel
cortadas e sangradas de mar.
Nuvenzinhas coloridas a chorar...
Meus olhos eram navios
regressando a pátria de metal.
Luas de cores, poema astral.
Meu espelho era o amor,
feito de vidro, caiu e se quebrou.
A menina quis se casar no olival!

domingo, 28 de maio de 2017

Abençoa-me

E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares.
E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel;
Gênesis 32:26-28

Restou algumas coisas
ditas nas palavras
misteriosas e físicas
como uma bomba nuclear.

Se os meus olhos choram
flores, jardins, tempestades
e mares
que te importa? Abençoa-me!

O verde sempre cercará o 
meu coração como uma muralha,
porque a minha cidade não existe,
ela é feita de tédio e nadas.

São escravos que se movem
por causa de um pedaço de papel.
Anti-capitalista? Eu? Meu Deus!
Abençoa-me.

Minhas mãos estão atadas
segurando um livro,
cheirando uma flor,
lembrando os beijos
que nós demos nas ruas
quietas e silenciosas
da cidade vazia e deserta.

Que pode essas anos
sem futuros derramar
em mim mesmo o solo manchado?
Porque o que eu deixo para vocês
são as palavras como feridas.
Eu? Comunista? Abençoa-me.

É só isso o que eu peço pra vida.
Que fazer desse absurdo?
Abençoa-me. Espero ter juízo.

E viver em paz!

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Nenhuma colina



Nenhuma colina azul. Nenhum outono
em forma de folha. Nenhuma flor. Nenhum coração
amarelo de amor. Nenhuma nuvem.
Nenhum verso de despedida.
Nenhuma colina azul.
Nenhuma colina.

Impossível recordar



Sonhei e ela viu.
Que outono era?
Que porto? que sonho?
Nenhuma pedra.

A manhã
refletia-se no
espelho do sonho.
E ela via os olhos
noturnos dela,
olhos de mariposa,
olhos de primavera.

Era o amor
e já não era noite.

Havia orvalho
nas ruas e na
calçada uma aurora
em forma de maça.

Ninguém suspeitou
que o sonho queria
se dissolver como areia.

Sonhei e ela viu.
Que sonho era?
Ninguém soube.
Nem eu me recordo.

A chuva partiu o ar




A chuva partiu o ar
e quis me entristecer
e quis me alegrar com
gotas, frio, umidade.
A partir da névoa
embaçada, sem luz,
madrugas inteiras
se esvaziaram como
conchas douradas e
como cristais, beijos.
E a chuva caia
se repartindo em
minérios, ferros,
vapor, solidão.

E eu como poeta
chorando, imitando um pelicano,
me pús imóvel, só para contemplar
o mar sumindo com a chuva
numa dança de vapor e névoa.

E a cidade calada era luz e sombra.
E a noite parecia uma lembrança
enquanto a chuva partia o ar imóvel.

Resposta com as mãos caladas



Se o meu coração é
vermelho,

que me importa
a tristeza,
a saudade,
a cólera

dos insetos?
a luz e a lembrança?

Me recordo
tão pequeno,
tão ferido,
como a cauda
de uma
raposa.

As vezes
sem vento,
as vezes
sem resposta.

Só com algas,
palavras, lentos
desejos, livros
e pequenos sofrimentos.

Que me importa
tudo isso?
O que importa é
que sou e que sigo.

E ninguém mais
entende isso.

Obviedade




Se as folhas
se rasgam
o meu coração chora.

E o vento assobia
enquanto a noite
solitária
ronca.

Antes



Antes de ser mar era espuma,
antes de ser noite era começo.
Antes de ser outono era frio,
antes da primavera era flor.

Antes do por-do-sol era pranto,
antes que a aurora nascesse
como uma espiga de milho no campo,
antes que o som prata do ar fosse
lançado até a lua sem cor e sem vida.

Não havia morte nem algodão.


Antes de ser dia era névoa,
antes de ser porto era água.
Antes de ser verso era canção,
antes de ser terremoto era sonho.

Nenhum olhar


Nenhum olhar
    a não ser a distância.
                  Canções de amor!

Te perdi


E eu te perdi,
e eu não te ganhei.
Eras minha
como a primavera
fria e solitária.
Agora já não és
minha,
agora já não és
de ninguém.
Mas tu e eu
não choramos
nossa distancia,
nem o nosso amor
martelado e quebrado
pelas mágoas.
Tu amanheces
e cavalgas nuvens.
Eu, como um pássaro,
canto e canto, vou e volto.
Tu bebes
as gotas dos orvalhos
e zombas de tudo e de todos.
Eu bebo
as gotas do mar e vomito
as palavras do meu coração
tão escuro.
Te perdi e te perdi.
Não havia mais sorrisos,
nem mãos, nem pernas,
nem a beleza negra
dos teus cabelos de
princesa domesticada.
Não eras abelha
nem mariposa,
não eras estrela,
nem oceânica.
Não tinhas nada
a não ser a beleza
e o agreste ar do
sorriso que te acompanhava.
E eu era teu segredo
como um pequeno elfo
galopando pelo rio.
Te perdi e te perdi
e quantas coisas não perdemos?
O filho que queríamos,
a casa agora solitária,
 a faculdade desfeita,
o trabalho sem ocupação.
Te perdi e te perdi
e você me perdeu.
Por isso não nos queremos
mais.
Por isso já não somos vento.
Por isso o mar é melancólico.
E por isso canto
em silêncio
e em segredo!

Névoa


Hoje, justamente hoje,
a manhã amanheceu com
névoa, com frio, com orvalhos.
O pequeno jardim celebra.
As folhas cortadas pelo vento
choram sua tempestade infeliz.
Hoje, justamente hoje,
o dia não surgiu como o mar queria.
E a névoa sorri, enquanto canto a melodia.

Bem no fundo


Bem
no fundo
de tua voz
na tua
lembrança
nos teus
cabelos
em tuas
mechas
como um
arco-íris
azulado de
vermelho
um pequeno
sorriso
entrelaça
o céu e
o mar
como
um violino
sendo
beijado
pela noite
obscura e
metálica.
Bem no
fundo do
silencio
a vida
se movimenta
em sombra
em luz e em
estrelas tão
pequenas
que suas
mãos podem
alcança-las
sem sorrir.
Bem no
fundo da
terra
como se
um verme
enrolasse
o coração
de cinzas
e poeira
o nosso
amor ressuscita
como uma
fênix vermelha.
E então dormimos
juntos, bem no
fundo do oceano
bruto, com
peixes e moluscos
celebrando o nosso
amor: esse amor
que é verdadeiro,
amor puro!

Som de cigarra


Terras agrestes e silenciosas,
distantes miragens, luzes formosas,
pequenos arbustos, canções sonoras,
pássaros, duendes, pessoas, vento.
Passa o ar das nuvens e das tempestades,
enquanto a cadeira e a caneta
simbolizam a liberdade tão cara e a ferida
exposta como uma prisão, como um
caranguejo cheio de tristeza.
O amor é isso e aquilo em todas
essas miragens e concretismos vivos.
Ficou o prado cansado de tanto mistério.
Por isso cantar tornou-se tão inútil.
E as cigarras sabem disso...!

sábado, 20 de maio de 2017

Ode a noite fria e chuvosa


É noite,
é frio,
é vento,
pequenas
estrelas
dançam
geladas
pelo céu imóvel,
congelando
minhas mãos,
meus olhos de
marfim e meus
ouvidos de vinagre.
Lentamente
a chuva faz dançar
suas gotas
pelo chão.
Um frescor
de uma lembrança
toma conta do ar.
A casa
e o lodo do chão,
os gatos tristes,
o vazio das plantinhas,
todas encolhidas
como pequenos
camundongos
sem pelos.
A caneta
na mesa bem
poderia sorrir.
E os livros
enlutados
bem que
podiam chorar.
E tudo é confuso,
tudo é mistério,
como se uma
onda de espuma
acelerasse o mar
e o candelabro aceso.
O resto é lembrança.
E a chuva continua
o seu discurso político.
E a oratória da noite
é a mesma: dormimos!

As vezes


As vezes você
não me vê
ou finge não
me ver
e eu
tornado
fantasma
pela imposição
social dos seus
olhos
viro sombra.
E quando me
ressuscitar
como um
tigre melancólico
o amor pulsa
da garra e do beijo.
E você torna-se
o espelho / a física
a companheira que
a noite não pode trazer.
E então ressuscito
em seus braços.
E essa é a primeira
ressurreição do nosso
amor!

Eis o amor e o não amor



Eis o amor e o não amor
em teus braços coxas cabelos
em teu sorriso de farinha
em teus olhos de mariposa

Eis o amor brilhando e o não amor
eis aceso o barulho do seu perfume
eis a tocha física do mel que
das suas palavras se tornam físicas

Eis o amor como um ponto e o não amor
voando e sobrevoando o mar
indo e voltando como uma onda
sendo e não sendo espuma e tristeza

E o amor arde e o amor geme e o amor suspira
pela terra dos seios de estrelas as nádegas
tão delicadas de vento as mãos consteladas
que tens que ages que ara que movimenta

Eis o amor e o não amor.
E é tudo o que posso te dar
Nesse poema!

Seu sorriso


(e não é o seu sorriso uma metáfora?)

E quando o 
seu sorriso
se perde no
horizonte
sua voz de
trigo, sua voz
e o seu sorriso
tentam me
alcançar.

Eu vejo, amada
minha, tua voz
de amora,
teu sorriso
de estrela.

És o porto
mais seguro
para o mar
do meu coração
machucado de
leão-marinho.

E como dizer
em sete línguas,
em sete ondas,
em sete prédios
a beleza intensa

que contem
a concha do
seu sorriso?

Amada, seu sorriso
é terrestre. E eu sou
marinho.

E por
existimos
um para o outro.
Existimos para
ser um a um.

E quando o
seu sorriso
se perde no
horizonte

a manhã se
expande e o seu amor
brilha

como uma tocha
cheia de

mel e vida!

Chove em teus olhos


Chove em teus
olhos pequenas
e as nuvens choram
enquanto componho
o meu poema.
Cada gota é um
beijo de maracujá
que ela meu deu
como estrelas.
A chuva e o frio
é o cobertor daquele
amor que só tu e eu
sentimos amor meu.
E nos teus beijos
a tempestade descansa.
Porque te amo
e tu me amas.

Oriente


Cabelos negros
o vento que passa
o sorriso dela
o oriente do meu
ocidente.

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Lembrança


O mar e o não mar,
o fim e o não fim.
Nada e o não nada.
O céu escurecido,
o vento passando,
a estrada, a luz apagada.
Uma uva
nos seus lábios.
O amor
numa folha de papel.
As ameixas
de um beijo.
O espelho
em forma de palavras.

De vez em quando


De vez em quando
me recordo que estou vivo.
Então me molho
como um caramujo.
E sorrio com o meu
coração de chumbo e ferro.

A chuva


A chuva caindo
lá fora, a molhar,
parece tão triste,
tão triste, a chorar.
A chuva caindo
lá fora, a molhar,
parece tão firme,
tão firme, a cantar.
A chuva tão fina,
lá fora, a molhar,
parece tão fria,
tão fria, a brincar.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Canção boba de amor crepuscular




Boca de mel
que tens, que tens
sorriso de açúcar
também, também,
lábios de maça,
eu sei, eu sei,
do amor de romã,
amei, te amei!

Amor cigano



meu amor de trigo
meu amor meu amor
meu amor de trigo
meu amor é um chuvisco
mel e trigo trigo e mel
meu amor meu amor
meu amor é um campo
meu amor meu amor
verde verde puro e sorridente
verde e verde verde e verde
meu amor meu amor cigano

Isso é tudo!



Sinto muito,
por não escrever
o que querem
que eu escrevo.
O que escrevi escrevi.
Só sei me lamentar
como o mar.

Só sei ir e vir
como uma onda.

Por isso sou
espumoso, espaçoso.
Preciso de terra,
preciso de nuvens,
preciso de luz e
de sombra.

Sinto muito
por não escrever
o que querem.

É sempre o mesmo
verso que posso fazer.
O mesmo verso amoroso.

E isso é tudo!

Rouxinóis



Que  palavra engraçada: rouxinol.
Parece o som de um copo quebrado sobre o chão.

Um galho seco é o meu coração

Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra, e caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair ali ficará.
                                                           Eclesiastes 11:3 


Um galho seco 
é o meu coração.

Como um inseto
como um balão.

Um galho seco
é o meu coração.

Exposto, disposto,
ao amor de orvalho.

O meu coração
é um galho quebrado.

O meu coração
é um galho quebrado.

Um galho seco
é o meu coração.

Sonho errante



Eu chorei é claro. 
E minhas lágrimas pareciam poentes envernizados.
Mesmo assim o riso 
como um melancólico grito
ergueu-se feito um gigante.
De pátrias e poentas.
Que sonho errante.

Jardim



Sim
é o amor e a terra
e o nada e o silencio
e o mar e a transparência.

Noturno amor,
coração ensolarado
cheio de estrelas.

Sim
é o amor e a terra
a rosa separada
é o alvo momento
é a canção e o poema.

E o amor será isso

E o  amor será isso
e será e arderá.

Entre mim e o teu sorriso
entre o mar e o teu amar!

Dá-me tua mão e sinta isso,
dá-me tua mão e sinta o mar.


E então o amor será isso
e será e arderá...

Do nosso amor (apenas)


I
Quando a noite chegar
e o frio chiar como chaleira
sei que você me amará
me amará e valerá a pena.

Pois sentirei o perfume 
de caju que dos seus lábios
escorrem até os meus.
Sei que você me amará
me amará me amará
e valerá a pena.


II
Pois o nosso amor é
frio e noturno em nossos braços.
Nosso amor é quente
nas coberturas do nosso quarto.

Me amará e te amarei
te amarei e te amarei
e valerá a pena te amar!

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Amar



De noite te espero
amada
sorrindo como o 
mar para a luz
cansada da
lua prata.
Te espero, amada,
porque tuas mãos
são brasas e o 
meu coração
marinho
é feito de farinha
e água.
Por isso te quero
tanto aqui comigo,
nessas casas
cheias de pó,
nesse mar solitário,
nessa cidade cansativa.
De noite, amada minha,
e de dia, te quero
e te espero,
porque te amo
cheio de algas,
cheio de açúcar,
cheio de
espuma,
cheio de amor e de
poesia!

15/05/2.017

Minha pátria



Minha pátria, meu
coração, minha terra.
Minha terra quente,
minha terra fria.
Cheia de nuvens azuladas,
árvores tombadas e gente.
Minha pátria, minha amada pátria,
minha desgostosa pátria,
pátria cheia de dores e lágrimas.

Para onde durmo te levo,
pátria minha, porque
tenho sono, tenho fome,
tenho os pés descalços,
tenho maçãs nos poemas
e amores que se foram como mares frustrados.

Que culpa tens disso?
Minha pátria solitária,
sem dias, sem bondade, sem maldade.
Me movo por ti
mas nem sequer
sorrias para mim, para ela,
para mim e ela, para todos.

Minha pátria, meu
coração, minha terra:
para onde vais?
para onde me levas?

15/05/2.017

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Assim me fere a lança



Assim me fere a lança
invisível do teu amor
e o brasão da paixão
ilumina minha mão
quando não queima
a minha imaginação
em versos e rimas.

Penso em te dar todos
os meus poemas para
que a noite fria não
venha te conquistar.
Porque o frio e o mar
são partes de mim e o
meu amor se acende por ti.


(Só por ti!)