domingo, 30 de abril de 2017

Posso ter o seu amor



-Posso ter o seu amor
por uma estrela? por
uma concha de metal?
posso ter o seu amor
por uma palavra feita
de vinagre, de capim, feno?

Nessas noites escuras
por qual tenho passado
seu os seus abraços me
esquentando, vislumbro
a marca, a serena marca,
a marca pura e física,
a marca mais bela que
pode existir: a marca da
sua boca iluminada como
um vaga-lume no campo.

Tu e eu, companheira minha,
somos feitos disso: feitos do
campo verde e imenso dessas
terras, desses povoados tristes
e vazios, dessas colinas belas
onde meus olhos descansam
só para te ver estampada como
o luar, iluminada como o sol.

Posso ter o teu amor
em troca dessas coisas sem valor?
Tão sem valor, porque os corações
endurecidos de riquezas e pobrezas
dizem que o valor que nós damos a
nossa felicidade é abstrata.

Coitados! Não nasceram
no mesmo espaço onde tu e eu,
amor meu, pudemos existir.
Porque carregamos o
orvalho em nossas mãos,
carregamos as plantações,
as estrelas, as papeladas,
os barulhos dos grilos,
as canções das baleias,
as leituras da bíblia, a
solidão do prado e do cimento.

Amor, meu amor, minha amada,
posso ter o teu amor por essas coisas?
Daria os meus livros, o meu coração,
daria o meu amor, meu trigo,
daria a espiga da canção, o mel da rocha,
daria o que posso dar só para tê-la
a meu lado nesse frio e nessa imensidão.

Minha amada, não durmas ainda
enquanto o dia raia como uma espiga.
És a minha pássarinha que voa pelo
campo aberto e azul que me salta
da janela sempre que abro as cortinas
para vê-la: luz e mar que a saudade carrega.

Que será de mim sem amá-la?
Que será que será quando eu não tê-la mais?
Que será quando a aliança escorregar do dedo
e o amor, o infinito amor, o amor sem limites,
terminar? Que será quando não mais me amares?

Minha amada, vem enquanto
a chuva e as guerras não nos invadem a alma.
Vem, enquanto eu te pergunto:

-Posso ter o seu amor
por uma estrela? por
uma concha de metal?
posso ter o seu amor
por uma palavra feita
de vinagre, de capim, feno?

Uma canção tola de amor


De luinhas
são feitas suas
saias...
Ai, mel, ai
mel de abelhas.
Ela tem na boca
o perfume e o vinagre.
Ai, céus, eu não sei
o nome dela.
Se quero te beijar
prometo te amar.
Ai, torre, ai, mar.
Ela me vê
na noite escura e fria.
Ai, alma, como ela
é linda.

Se meus olhos se fecharem?


Se meus olhos
se fecharem:
abram bem as janelas.
A noite estará
tão bela
(e eu dormirei
nos braços dela).
Se meus olhos
se fecharem
eu não verei mais
a primavera.
Se eles se fecharem
deixem a janela aberta!
                                                     25-04-2017

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Quem será?



Quem será
a essa hora?
A felicidade
ou a solidão?

Quem bate
na porta do
meu coração
nessa manhã
fria?

Eu, solitário,
como a gota
do orvalho espero
pela voz dela.

Seria a morte
ou a sabedoria
que estão tocando
a campainha?

Mas o futuro
não tem portas
nem lodo nem lemas.
O que será?

Quem bate?
Quem está batendo?
O conhecimento,
o entendimento,
o arrependimento?

Será Deus? Será?
Quem será que bate?
E se bate e não entra
porque meu coração
está tão seguro?

Quem será que bate?
Talvez seja a própria
manhã, solitária e fria.
E como é bela e triste a vida...

Ausência



Durmo sem te dizer
boa noite

durmo sem te fazer
caricia

Tenho saudade dos
seus abraços

Do seu sorriso tão bonito
Escureceu no meu quarto

E você não chegou ainda
Te espero muito

Mais você pensa em mim
Em outro momento

Quem sabe tudo isso seja apenas
Saudade

Do seu amor
Do seu carinho

Minha pequena flor
Só sei que não tenho nada

É só palavra o que me restou
Pra te confessar na sua ausência

O meu amor!

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Uma canção surrealista



...com o coração quebrado de inverno e dor...

Eu era aquele sonho de
nuvem dissipado a beira do campo.
Meu querido luar e meu querido por-do-sol
embalsamavam minhas mãos
frias e tristes, solitárias no campo.
Mesmo assim eu carregava em
meus pensamentos as lágrimas
de uma maça, os desejos de uma
árvore por água, por vida, por terra.

Quantas lágrimas eu tinha
de oriente e de ocidente. Lágrimas
como grilinhos errantes, como
baleias sem rumos, aves cheias
de silêncios e dúvidas.

Praticamente o oceano era o meu coração,
assim como o marfim, o lodo, a selvagem
palavra, o xingamento, a errante voz,
os músicos, os instrumentos quebrados,
as melodias das cantoras, as vozes dos cantores,
a tempestade e o rubi dos teus olhos
me incendiando o peito, a dúvida, a composição.

Era e não era. A primavera e o outono.
Não me viram? Será que realmente não
me viram? Não me viram nas igrejas,
nas gráficas, nas bibliotecas, nas ruas,
nos solitários bosques, nos imensos
edifícios, nos solitários becos, dentro
de uma construção, fora de uma casca,
dentro de minha casa, dentro de meus pais,
dentro de meu país silencioso e triste,
dentro de minha esposa, dentro da flecha
de meus filhos, dentro da morte, dentro
da alma dos meus antepassados, dos
meus avôs do norte, dos meus bisavôs
portugueses, dos meus suspiros judaicos,
dos meus anseios latinos, das minhas vontades,
dos meus embaralhamentos, dos meus teatros,
dos meus poemas, da minha morte e da minha vida?
Não me viram? Não, não me encontraram.

Que será que estavam fazendo
quando eu sofria tentando trabalhar a melodia?
Que será que eles queriam?
O meu tempo por dinheiro,
minhas fezes por ganancias,
meus ouros por comida,
meus sapatos por estrelas,
minhas roupas por colheres,
meus olhos por lágrimas?

Deixei minhas mãos se apagando
na folha, o relógio quebrado vazou
meus garfos, ai, ai, ai, eu podia cantar
como um gato para a lua e para o horizonte.

Eu duvido dessa bondade cristã
dessas vírgulas desses matemáticos
desses dilemas, desses falsos profetas,
eu duvido, eu duvido, eu duvido
eu suplico, eu suplico, eu suplico.
Não ouvem a voz sonora de Jesus Cristo?

Agora eu me vou porque é tarde.
Não adianta brigarem comigo.
Eu não mudo. A vida muda.
Eu sou surdo. Estou cego e mudo.
E da próxima vez quem carregar o
meu cadáver será a vida e não a

morte.

Os dias que se passam


Os dias que se passam
vão se juntando
Em pequenos 
grãos de amor
em pequenos pergaminhos.
Te amo e te amo,
direi como um poeta
com as mãos nevadas
com os olhos sem vida.
Os dias se passam
vão e vão como ruídos.
Não será mais o por-do-sol
que cantará. Eu cantarei.
Espero.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Ameaças de guerra



Ei, já sabemos o
segredo dessas ameaças:
Os países ricos, entediados
de uma economia destruída
precisam de uma
                               guerra
para se erguerem desse beco
sem saída.

Para isso precisam
enfrentar qualquer ameaça
atômica que paira no ar.

Qualquer naçãozinha bastaria
para uma guerrinha

e diriam os economistas
que isso arrumaria a pátria
capitalista.

Novamente levantam
as nações em nome da paz
suas garras de guerra

para gerarem o bem-estar.

Ai, meu Deus, que será
de nós os inocentes que
nada temos a ver
com esses destruidores?

Uma guerra levantaria
novamente a economia?
Ai, americanos e norte-coreanos
por que vocês não sonham?

São os inocentes
que devem pagar
pela loucura
dessas nações burras?

Deixem o povo em paz!

A minha esperança
está em Deus e ele aprouverá
aos pobres o descanso!

Segundos de amor


Eu quero ver o céu sem fim
eu quero ver o mar marfim
sonhar com o meu amor
na fruta suave do seu amor

e te ver meu sonho e te amar
minha amada e te beijar
com beijos de constelação
beijos de café e fruta.

Assim te dar o que tenho
e ser o que eu quero ser
seu amado companheiro
que vive por você.

Eu quero ver o céu sem fim
eu quero ver o mar marfim
sonhar com o meu amor
na fruta suave do seu amor

Choro


Se a noite chora
comigo
lembrando do teu
sorriso
sei assim que posso
descansar
minhas mãos na areia
do mar
que arde em teus
olhos

(reflexos do
nosso amor)
tão belos e profundos!

Vamos


Vamos, é a hora de abrir
as janelas e deixar a luz
radiante e constante
atravessar nosso sorriso

porque a tempestade
dorme em nosso olhos
enquanto a vida e o sonho
se misturam em nossas mãos.

Saberemos decifrar esse
mistério descrevendo os
pequenos cotidianos do
nosso coração.

Vamos, é a hora de abrir
as janelas e deixar a luz
radiante e constante
atravessar nosso horizonte. 

Escrevendo


As mãos estão escrevendo:
o que será que escrevem tão
agitadas?
Serão as lágrimas do poeta
que são lançadas no papel?
Ou são as asas de uma mariposa
que foram tingidas de vida nas
palavras recém adormecidas?

segunda-feira, 24 de abril de 2017

frio


Frio ar
da saudade
do amor
de ti
oceana
ásia abraçada:
amor.

domingo, 23 de abril de 2017

Decifrando o mistério



Esse ar noturno
essa mariposa escura
aquela estrela apagada
o lampião aceso no

fim da estrada no fim
tudo isso é apenas o
vento passando no
galope das minhas

mãos manchadas de
tinta pó constelações.

Se tudo isso vale ser
as asas de um pirilampo?

Ou a agulha seja o 
véu ou o véu seja uma
mesquita ou a mesquita
seja uma igreja e a igreja

seja aquela marca que
me marcou quando o 
silêncio me tocou em
tua boca morena e negra?

Não será isso nada ou tudo?
E o que poderá ser será?

sexta-feira, 21 de abril de 2017

A alemãzinha



(para minhas leitoras alemãs)

Nos seus olhos azuis
um mar um oceano um
que alegria te ver
alemãzinha sorrindo
nos espaços na sua
linda casinha feita de
estrelas e gatos azuis
que são os seus olhos
que são azuis como o
vidro do céu que encobre
a terra no eco do meu amor.

E se essa canção não
é clara no eco da primavera
espero que entenda que
surrealismo e amor é
o meu coração no eco
de ver que você me lê
quando eu leio goethe e
sonho com todo o teu amor
onde repouso e brinco

dizendo: amor, é isso, amor só isso.

Como não amar você



Esse seu sorriso tão
clarinho
impossível não
amar

Esses seus cabelos
tão bonitos
impossível não
gostar

Seu jeito simples e puro
sua timidez de mulher
seu corpo
esférico de estrela

carregando um planeta
Olhos calmos e serenos
que eu tenho por te ver

como não amar você?

Piegas



Esse meu sentimento todo
essa vontade de estar com ela
esse meu carinho imenso
essa vontade de amar só ela
eu falo até pra ela que eu
mudei o meu caminho só
pra encontra com ela por aí
só pra vê-la sorrindo pra mim.

Mesmo que ela não acredite
eu gosto dela, eu amo ela.
Mesmo que ela ria e brinque
eu só gosto dela, quero estar
com ela mesmo que ela não
entenda que o meu amor é dela
que eu amo ela que eu quero ela.

O amor não se explica
é simples é fácil entender
que nos seus lábios eu pude
descansar ao colher o seu sorriso.

Esse é o meu jeito de dizer
que eu gosto dela, esse é o
meu jeito de dizer que o meu
amor é dela.

Por isso eu sou poeta


porque eu gosto dela!