sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Anoitecimento


...antes de anoitecer... as mariposas
riem comigo da voz das lombrigas míticas...


Nada que não seja
cristal, para entumecer
meu pranto silencioso.
A noite que se abre
da janela do meu coração
é fria, é cósmica, é fogo.
Nada para falar que vale
a pena para ser realmente
dito nessa madrugada sem
vento. Mesmo assim,
os grilos assustados
cantam enquanto eu
escrevo no meio do jardim.
Nada que o amor não
explique, minha amada,
para as nossas vozes
perdidas no meio do
graveto. Posso me 
mover lento como a
eternidade embaçada.
Posso deixar meu ouro,
meu ser, exposto numa 
árvore para que me vejam
a casca e as raízes tristes.
Juro, da próxima vez serei
mais oceano e menos terra.
Por isso a noite me fere em
sete taças, em sete pedras.
Silêncio: anoiteceu em meus olhos.

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