sábado, 10 de dezembro de 2016

Me deixem aqui, quieto, sem rumo,
Me deixem aqui.
Não venham me encher a paciência
Nem queiram me agradar, estou quieto, 
Quero estar quieto, me agrada ficar quieto.
Um dia todos estarão quietos como eu
Dentro de suas tumbas frias. Por isso
Não venham me encher a paciência.
Me deixem aqui, quieto, sem rumo.
Não quero ver o por-do-sol que é
Sempre o mesmo por-do-sol.
Não quero visitar psiquiatras,
Que são sempre os mesmos psiquiatras,
Não quero ler, nem me atrevo a sentar-me.
Deixem-me ficar de pé, ancorado na eternidade.
Quero estar de pé e escrever com a caneta inúmeros
Versos que não lerão jamais, que não verão jamais.
Quero ficar quieto, sem rumo, petrificado como uma estátua.
Não quero morrer, não desejo morrer, mais morrerei.
Por isso deixem aflito aqui, no canto, lendo e escrevendo.
Não venham me encher a paciência por causa de dinheiro,
Não tenho cara de banco, nem tenho cara de felicidade.
Sou poeta, essa é a razão da minha existência e Deus o sabê.
Quero ficar quieto e sossegado, quero virar um anjo e subir
Até o infinito abraçado com minha companheira e namorar.
Por que não posso desejar a felicidade vendo tanta infelicidade?
Por que não posso ser rico mesmo sendo pobre?
Por que não posso escrever poemas mesmo não sabendo escrever?
Por que não posso somar, dividir, multiplicar, tomar medidas com uma régua,
Mesmo não sabendo fazer nenhuma dessas coisas ridículas da matemática?
Quero ficar quieto e sossegado. Já disse, e volto a dizer,
Deixem-me quieto e sem rumo, deixem-me aqui parado como
Alguém que sabe que nada sabe e que nunca saberá mesmo tentando saber.
Mesmo assim fico contente quando alguém me abraça, ou quando você, minha Amada
Me beija com seus beijos de relâmpagos.
Prometo continuar em frente. Só tenham paciência comigo!

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