quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

cigano e mariposa


cigano: Quem conta as minhas lágrimas?

mariposa: As luas vermelhas do céu.

cigano: Ai, meu coração de vidro era duro, se quebrou...

mariposa: A manhã nos olhos das gentes é violenta.

cigano: Dou o meu amor a qualquer preço.

mariposa: O dia de uma barata é diferente do dia do percevejo.

cigano: Tragam a lua, o mar, o sol, o touro, e a espada.

mariposa: A Andaluzia é a sua pátria.

cigano: Mar e deserto.

mariposa: Martelam na mão o prego.
cigano: José e Jacó.

mariposa: Suas mãos suas, ó licor.

cigano: Amada cigana, de olhar esverdeado, me dá um amor, e eu te dou um abraço.

mariposa: Alicates e silêncios constroem o meu mundo azulado.

cigano: Pobre é o coração do nobre.

mariposa: Os ricos também comerão terra.

cigano: Quem disse que o céu não é aqui?

mariposa: As nuvens irão um dia te cobrir...

cigano: Estou triste.

mariposa: Estou alegre.

cigano: Corações de ferros, enferrujados.

mariposa: Tacam-se óleo para alegrar as engrenagens.

cigano: Ai, ai, ai, ai, noite fria e cinzenta.

mariposa: De morte é o teu poema.

cigano: Ai, ai, ai, ai, noite fria e amarga
.
mariposa: É azulada a tua amada.


cigano: Me dá a lua e o por-do-sol, e eu te direi a tua sorte.

mariposa: Cemitérios e luas, bandeiras de cobre.

cigano: O meu nome não digo para ninguém amaldiçoa-lo.

mariposa: És o nobre Amargo.

cigano: Deus me livre de sabê-lo.

mariposa: Deus me livre de esquecê-lo.

cigano: Surge a lua por de trás do mar.

mariposa: E não vamos outra vez chorar?

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