segunda-feira, 22 de agosto de 2016

significa arte



Lume, martelo de prata, sonho desvairado
ditai-me a poesia que farei acordado estrelas
e sóis que suspendam as palavras além
do vento e da névoa e do cansaço da carne.
Ditai-me além do dicionário novas palavras
que surjam como larvas no meio do campo
não para devorar o verde ou o azul do céu.

Isso jamais!

Dentro do canto haverá chuva e pinheiros
porque tudo no universo deve ter uma ordem
caótica. Joguem para além dos barcos os
mapas do novo mundo: conheçamos os
indígenas dizimados pelos espanhóis para
transcrevermos em pequenos impulsos
novos oceanos, nova vida, nova morte.

Isso jamais!

Criemos sempre a nova melodia que
irá atravessar o quintal e a casa e o pequeno
cachorro sentado ao lado do dono (quem é
dono de quem num mundo tão cheio de sono?).
Não haverá regras, mais nós já estamos cheios
de regras e desejos e impulsos e leis e caridades.

Isso é arte!

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