segunda-feira, 13 de junho de 2016

Amargo rancor


Tragam o vinho, as canções,
as fotografias e os corações
manchados de amor e de suor.
Venham com as mãos nuas
de chuva e de alegria,
pousem os pés nos mares
das palavras secas do
mórbido dicionário enterrado
apodrecido e mal-cheiroso
como um cadáver em sua
cova intitulada de estante.
Venham e gritem o seu nome
para os postes, para os rios;
que amanheçam cheios de
desesperança e de delírios
nas gotas do realismo-fantástico
para que o arroto e a flatulência
sejam divinamente orquestrados
pelos homens de negócio,
os burgueses endinheirados,
os fabricantes de remédio,
os governos das nações humanitárias.
Andemos com as mãos dadas
e cortadas para que a paisagem
não nos prenda nem nos vicie.

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