quarta-feira, 16 de março de 2016
Com quantos mares posso criar meu mundo?
Com quantos mares posso criar meu mundo? Quero seguir com sinos, sem violinos, quero levar tudo o que me cabe: o céu, o nada, o fogo, as ondas. Quero ser marinho e terrestre, quero ser um vaga-lume cheio de penas, quero cantar como um vibrante rouxinol, com notas suaves e serenas. Não me deixem aqui no escuro, não me prendam nesse baú amarelado de flores e borboletas. Quero ser livre como uma mariposa azulada, quero me camuflar no mar cheio de violência. Cheio de ondas, cheio de alegrias, cheio de jasmins e jujubas. Que o vento possa me carregar até ti, ó serena ilha deserta, ó serena tempestade agridoce do luar. Com quantos mares posso criar meu mundo? Meu mundo de sonhos, meu mundo sem tristeza mais cheio de lágrimas, meu mundo de caramujo. Quero me rastejar como um navio pelas águas, quero me afundar como uma lula-gigante em teus braços errantes. Deixai que eu escrevo a mensagem de adeus sem nenhuma cerimonia. Deixai que o teu nome eu deixe para a eternidade. Quero ser e não ser. Quero seguir e não seguir. Agora vamos. Que ninguém parta. Que só tu e eu sejamos mar e vento.
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