segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Mar Cinzento



Nas guelras submersas do infinito
na luz constante da espuma
sem rumo e bravia e cheia de rancores,
um só movimento do dia move os sinos
e os amores das alavancas oceânicas...

E então tudo percorre as praias desérticas e
imóveis do litoral chuvoso:
As asas dos pelicanos amorosos, os olhos humildes
e tristes dos pescadores analfabetos, as escamas
sem beleza dos peixes vagabundos.

Ali, apenas ali naquela imensidão cinzenta do mar,
um fio de versos escoam
em sonhos, percorrem brutalmente lembranças insignificantes,
apagando brutalmente sem rancor ou serenidade
o nome amado escrito de frente da areia.

Não há nisso nenhuma despedida ou nenhum sinal de chegada.
Diante de tal espetáculo, tudo pode ir se submergindo do sal
como um submarino, como uma baleia solitária.
E assim, o espetáculo se encerraria na gota de uma nuvem cinzenta,
que se camuflaria junto do mar cinzento
dentro da tempestade oceânica e intranquila.

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