quinta-feira, 28 de maio de 2015

AS TARDES

E eu já não era mais criança
não podia sair atrás das borboletas.
Sentado hermeticamente mudo
ouvindo, tentando aprender o falar
ligeiro de idiomas misteriosos.

Que saudade da angustiosa noite
em que meus braços suspiravam
por pastéis e por poesia e pintura.

E tudo se confundiu dentro de
um arroto filosófico, e tudo se perdeu. 
As mesmas palavras ditas em silêncio
passaram a ser repetidas e repetidas
como o riso insuportável de uma hiena tagarela.

E no livro de Lin Yutang poderíamos
alcançar a China, e pelo google-maps
conhecíamos inesperadamente todo
o rio Yang-Tsé.

Que beleza de montes, que visão
panoramicamente virtual dá-nos
a internet com suas coisas e coisas
que se perdem de vista e se esquecem.

Aprendemos e não aprendemos
quase nada e quase tudo.
E de repente eu me vi no espelho
ficando mais careca do que um cachorro. 
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(foto:ilustrativa)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Lendo Neruda na noite

Sincero e reto como um martelo
nas madrugadas serenas e frias
lá estava eu e o livro de poesia.
Ah, eu engolia Neruda pela goela
abaixo, e tudo fazia sentido
como uma raiz, como um besouro.
Talvez a palavra fosse a inspiração
necessária, fosse o vento tempestuoso
que acendesse a candeia desiluminada
por palavras nojentas e filosóficas. 
Chega de mentira, disse para mim mesmo,
mais também não suporto a verdade.
As coisas frias que não fazem sentido,
o dinheiro do contador, a tesoura que
corta o poeta na imaginação do meio-dia.
Silêncio: de manhã, de tarde, de noite 
lia eu os versos candelabreiros de Neruda.
Ah, pássaro chileno de imensidão e inspiração,
quantos não quiseram derrubar a raiz do teu canto.
E eu canto, e eu passarinhei-o como um pássaro
dentro de Adamantina, perdido entre cristão e mercenários.
E as palavras como fogo iam brotando, caindo, sinceras
como um prato de comida sendo devorado pela fome.
Não quero saber, irmão Neruda, se não me entendem.
Se o meu amor não pode ser simples nem verdadeiro
também não aceito a morte do dia e nem o relâmpago.
Deixa-me acostumado de frente e de trás das marés.
Deixa-me aqui, diante das nações e dos homens.
Quero ir e quero ser como uma gaivota sem rumo.
Não me querem? Neruda, não faz mal, seu canto 
me mostrou o que é necessário para o meu espírito.
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(foto: ilustrativa)

terça-feira, 26 de maio de 2015

Não minto, não minto quando digo que te amo

Não minto, não minto quando digo que te amo. 
Alguns me creem mentiroso de amor.
Ai, se eu pudesse ensina-los a amar.
É tão fácil amar a minha donzela,
a minha companheira invisível.
É tão fácil amá-la boca à boca em cada noite
sombria e fria que se abre de repente no céu.

Não minto, não minto quando digo que te amo.
Se querem derrubar o meu amor, saibam que
ele arde em chamas vivas e em águas geladíssimas
e profundas como o oceano.

O meu amor só pode ser o oceano, 
indo e vindo, jorrando espuma e peças 
de navios naufragados. O meu amor só pode ser
água viva, só pode ser vento que passa pela janela
sacudindo a casa feita de madeira, estremecendo
as lágrimas que descem no rosto. 

Não minto, não minto quando digo que te amo.
Alguns me creem mentiroso. Não importa.
Nunca me importei com as algazarras frias.
Eu sou simplesmente um marinheiro amoroso
perdido na terra, enterrado na areia, esperando
o navio do teu corpo me buscar, imóvel na praia.
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(foto: ilustrativa) 

Amor, quanta dor, quanto sofrimento

Amor, quanta dor, quanto sofrimento 
sem teus beijos de relâmpago.
Quantos sofrimentos longe de suas mãos,
longe d'a sua rosa queimada.

O amor não sente raiva nem tristeza, companheira, 
Nem todos os ramos dão fruto na videira. 
Ouça amada, essa música te livrará. 
E depois voltarás até mim, com suas mãos abrasadoras.
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(foto: ilustrativa)

sábado, 23 de maio de 2015

Amanheceu o rio dos teus olhos na clara manhã da tarde
E suavemente teu corpo se entrelaçou nas ondas do meu
Eras a noturna solitária e eu vagava dentro de teus braços
Ardíamos juntos como duas constelações cheias  de brasa

Eramos um só ser, unidos pela plenitude do espaço,
Abertos como uma flor desabrochada da primavera
Teu riso era o meu riso, teu leite era o meu beijo, e tu
Somente tu, carregavas dentro do delírio o amor sonolento

O único amor sonolento que não pode ser apagado,
Pois se reparte serenamente nas águas das lágrimas salgadas
Ó amor, ó noturna companheira da noite solitária, não vagues

Longe dos meus braços de terra, braços de terra molhada
Não me deixes sozinho dentro do quarto e do espelho
Vem amor, faz-me descansar nesse amanhecer puro do teu olhar

E então somente nesse momento
Seremos plenos de vida e de amor profundo.
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(foto: ilustrativa)

Eu ouvia em silêncio sua voz de primavera

Eu ouvia em silêncio sua voz de primavera
e minhas mãos apalparam tua boca de pérola.
Seu corpo era o céu infinito, aberto dentro dos
meus olhos.


Eu amei você em silêncio,
nas sombras escuras das folhas de outono...
E você, amiga das sombras, me amou em sua
asa de borboleta.


Eu ouvia em silêncio sua voz de primavera

feliz pela chegada da manhã
feliz com a chegada das flores.
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(foto: ilustrativa)

estou cercado de sol

Estou cercado de sol
e de luz marinha.

A escuridão me 
aborrece profundamente. 

Por isso no meu coração 
cabem todas as cores primárias.

E nas cores do amor
eu vou como um pelicano.

Ninguém me diz as direções
corretas, nem erradas.

Tudo é mistério
dentro da alma cansada e sincera.

Estou cercado de sol, de algas, de vinho.
Por isso meu peito é uma nuvem

e a angústia não me toca.
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(foto: ilustrativa)

solombra

Inútil é não sonhar.
Mas dentro da nuvem
O oceano não se esconde...

Aquele rosto frio
De nevoa amarga era seu?
Vi uma estrela na sua fronte...

Seria uma pena não sonhar
Entre os lírios e a manhã.
Por isso desperto no hoje, 

                                           [apenas....

Para um último beijo nas 
Sombras do seu coração,
Cheio de ternuras e duras lunas.
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(foto: ILUSTRATIVA)

terça-feira, 5 de maio de 2015

flor do oriente

...
flor 
do 
oriente
quente 
ardente
brilhando 
no 
espaço
...
do
...
coração
...
Azuma
 no 
hana 
kōon
 nenshō 
kūkan 
ni 
kagayakimasu
 shinzō
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(foto: ilustrativa)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

bilhete

Não é o tempo, 
amada, que precisa 
da gente

Somos nós que precisamos de 
tempo para nos 
amarmos infinitamente!

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(photo: ilustrativa)

domingo, 3 de maio de 2015

Onde Está

i
Onde Está a Luz do Céu
Do Seu Corpo?

Em Banco Noturno
Se esconde a luz do seu beijar?

ii
Sua sombra absurda
Passa como o vento,

Ele tocou os meus osso
E eu  sorri.

iii
Iluminaram-me então os seus olhos azuis
(Eles são o Oceano Pacífico)

E perdemos a direção, 
E tudo tornou-se em uma lembrança. 

OBRIGADO!
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