quinta-feira, 31 de julho de 2014

fotografias do agora

Esses idiotas sem sentido de rimas
Buscando seus miseráveis empregos
Carregados de mágoas e loucuras
Sendo fotografados pelo destino.
Eles entendem que a vida é um hiato
não querem mais visualizar a lua nem
o sol nem as estrelas. Nenhum astro.
O brilho da televisão os contenta.
Eles estão mortos, e sabem disso...
Mesmo assim, sonham com mulheres
com bebidas, com festas, com alegrias eternas.
Sim, pois toda alegria é eterna e toda tristeza é pura!
Mas as rimas sustentáveis do metabolismo poético
esse despreza as flores, os animais, os humanos.
Essa simplesmente existe por existir e  a nos zombar:
somos fotografias do agora!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dois poemas para Ariano Suassuna

De Idevair Peres

Chove. Eu ouço a chuva.
Ariano morreu. O céu chora.
Agora, finalmente, ele poderá conferir o Auto da Compadecida com os 
originais no céu.

Espero que ele tenha lá a mesma acolhida que deu ao céu na sua peça.



De Gabriel Ataide

Chove. Eu vejo e ouço a chuva.
Deve ser as lágrimas de Ariano
ao encontrar seu querido pai 
no céu, e sua querida mãe nas
alturas. O céu chora, só que
os anjos e o próprio Cristo
gargalham de alegria só de
verem Suassuna contando
suas histórias de Grilo's e Chico's 
que pela terra andam em busca
de paz, alegria, e sobrevivência.
Ele deve estar conversando com a Nossa Senhora,
a figura mulher que ele sempre procurou na religião.
Os evangélicos não aceitam muito essa figura, por ser uma imagem.
Eu penso que Maria, Mãe de Deus, deve estar lá
dizendo a ele: Meu filho, seja bem-vindo aqui no Reino do Cristo.
E Suassuna já vai dizendo: Um momento. Cade meu pai? Minha mãe?
Meus tios? Meus amigos? Cade João Cabral? Onde está Cervantes?
Augusto dos Anjos? Cade Chicó? Cade Dostoiévski? Quero gargalhar
junto deles, pessoalmente. Por que já li eles na terra. No céu quero a 
companhia deles. Posso minha mamãe Celestial?

Enquanto Suassuna ia embora, ontem
a noite, eu chorava de tristeza.
Mas quem sabe haja esperança
na Ressurreição que ganhamos
graças ao Cristo?

Acabei de ver um pássaro azul,
parecendo um pardalzinho.
Não sei se existem pardais
azuis... Só que eu vi ele
nove e tantos... Meu Deus
que dia estranho. Estou vendo anjos?



IDEVAIR. P: O homem não morre. Ele apenas vira chuva e corre para o mar.



terça-feira, 22 de julho de 2014

AONDE ANDA A ONDA?



Por mais
que eu tente me
explicar,
não me 
explico.

Sou como o lírio,
ou a flor silvestre
     do campo.

Sou como a vaga
que surge do nada
e se arrebenta nas
pedras, nas areias
e nos pescadores

[humildes...

Por mais
que eu tente me
explicar,
não me explico.

Sou apenas
isso que sou.
Na luz ou nas trevas,

onda que sou:
para onde vou?

domingo, 20 de julho de 2014

diálogos necessários (pequeno contoo_


_ Estamos precisando de diálogos. Diálogos que são necessários.
_ Certo: diálogos. Posso arranjá-los se me der um bom tempo para pensar.
_ Não tem essa de bom tempo nem pra pensar. Faça os diálogos agora.
_ Agora?
_ Nesse instante!
_ Assim? De supetão?
_ Sim... De supetão.
_ Posso ao menos me sentar?
_ Não, não pode nem se sentar. Faça-os de pé.
_ De pé?
_ Sim!
_ Mesmo com a coluna dolorida?
_ Se vira. Anda. Faça.
_ Posso fumar pelo menos?
_ Aqui tem por algum acaso cara de fumódromo?
_ Nem beber um cházinho?
_ Não. Você não tem tempo para fazê-lo.
_ Faz pra mim. Não custa nada.
_ Custa muito. Anda, faz os diálogos.
_ Mas sem o papel? Sem a caneta?
_ Ligue o computador!
_ Só vejo uma máquina de escrever.
_ Usa ela então.
_ Não posso. Não tem cadeira pra sentar.
_ Faça o texto em pé gênio!
_ E minha dor nas costas?
_ Esqueça. Já inventei os diálogos necessários... Pode ir embora tratar dessa dor!

sábado, 19 de julho de 2014

tua boca...

Olhos de fogo em forma de saliva
aliviam tua boca de mel  exorbitante

Confundindo-se luas e pensamentos
estrelas e olhares próximos a todos

Teus olhos, donzela, sim teus olhos
de fogo aliviam tua boca de mel exorbitante

PACIÊNCIA ARDENTE

Estou a beira de uma lua azul,
Lua que consome a imaginação do oceano.
O oceano que sonha com águas de rios
Percorrendo seu litoral de ondas brutas.
Onde estavas, águas claras? Onde estavas, águas escuras?
Moveram-se até o oceano repartido em nomes,
Nomes profundos e sinistros, nomes de cartografia silenciosa
Que se perdem na memória dos professores e dos cachorros.
Ontem mesmo não havia ninguém que chorasse chuvas
Com os olhos e com o candelabro da alma.
A cidade estava toda erguida em muros,
E ninguém via o céu noturno e escuro
Abrindo-se como uma bailarina espanhola.
Arde paciência como um sonho de neblina,
Consumindo-se em pensamentos de oceano.
Bravo oceano que se choca contra as rochas imensas,
Dizendo furioso todos os seus nomes naturas,
Com funesta paciência ardente.

a lua

...Sabe a lua não se move em si mesma...
Face parada pedra espacial...
Ela é, uma parte do corpo é...
I luz (minada),  a outra...
Apagada (mais nada...

Eu sei que a lua não se move em giro... ela gira!
Rocha rosto prisão do universo que ela é... 
É uma parte do corpo... 
(Erosão) está acesa, luz solar, a outra... 
Nada é excluído dela para um meteorito
(para mais informações ...



Na ponta do vento, ou ressaca da natureza em Adamantina

Na ponta do vento
eu estive,
recolhendo
papéis brancos do
chão.
Sentindo o terremoto
vibrante
das árvores,
e a risada
do vento
sobre a janela
do quarto.
Eu, minha mamãe, e
meu pai,
talvez todos na cidade
ouviram o chegar da tempestade.
E fez a chuva a sua dança
sobre o telhado da casa,
com seus pingos magníficos
a caírem sobre a telha
na madrugada em que
eu estive,
recolhendo papéis brancos
do chão, na
ponta do vento, na luz do trovão.

Poesia, pois é, poesia.

para C. T.

Ó poesia, te escrevo com sombras de nuvens,
com lágrimas de oceanos, com vinhos de sentimentos.
Por que consome o dia o homem no campo ou
na cidade, e pra iluminar o céu as estrelas bastam.

Bastam as estrelas, os dias, as mulheres, as crianças.
Tudo isso quando se envolve em uma máscara profunda.
Ai, perdoem-me os que não entendem os meus versos,
canto para os que acreditam na realidade envolvente.

Ó poesia, sombras que és de dicionários desdobrados,
fumaça que sobe das entranhas do poeta, do homem,
da criança, do jovem que te encarna os ossos.

Que dizer quando surges escorridas dos meus dedos amarelos?
Ou seria óbvio demais dizer que amo tanto o céu quanto o inferno?
Basta. Amo ela, mesmo que ela não acredite. Poesia, pois é, poesia.


quinta-feira, 17 de julho de 2014

descoberta No espaço-tempo

¶ O espírito do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;

Isaías 61:1

me descobri índio
(sé)rio? ri'! sos de
quem não é nem isso.
onde? mesa. que? não.
mim não intender. mim não
atender. mim não entender
seu português ((iiii)DevA va(iiii)r?
desconstrói o português, nem isso    SUCO DE PÊSSEGO
tu ele disse, disse? quem diria
disse em português, língua burguês
não-anti-burgues-poeta-cambiadores-dinheiro-judeu
eu? quem diria, índio dos mais esquisitos.
Não sabe o português, NÃO SABE! NÃO?
SENHOR, SENHORA, ABRAM AS PORTAS.
NÃO SEI. E DAÍ? E QUEM DISSE QUE ELES SABEM?
OBRIGADO. Se eu souber guardo pra mim (entre nós, sério,
quem precisa saber disso? 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

cade a tinta e o pincel

cade a tinta e o pincel


para mim desenhar

minh a alma no pape l ?

parafráse roubada de drummond

sou esse poema azul

azul
azul
azul

sou esse poema vermelho

vermelhovermelhovermelho

sou esse adolescente crescendo

mundo
mundo
vasto mundo
o poema devora o poeta


a alma devora o poeta


o corpo devora o poeta


a morte devora os homens

terça-feira, 15 de julho de 2014

Adamantina, rocha do interior paulista

Adamantina, rocha do interior paulista,
cheio de café (já fez nove dias),
pastos livres, céus abertos,
nuvens brancas, rios desérticos.

Assim és tu, aldeia viva, cidade aberta
com tuas estátuas a enfeitar a religião,
com tuas aves a cantarem o sol que surge.

Adamantina, boto que cavalga na fronteira,
onda onde se enterra minha poesia alheia.

Tu, e ninguém mais cidade amante, é que
entende as joias de italianos e japoneses
em teu sangue de português errante.

Alva, joia com tantas cores,
desértico sorriso em tuas veias,
saúdo-te  cidade minha,
não por seus anos nem
por ser alguma coisa,

espécie de ser vivo,
mas simplesmente
por que pulsa em mim
o teu ar, tuas plantas
e os teus filhos que andam

como eu, em tua pele enegrecida de suor e fogo.

DANÇA

A viva agitação da vida,
cortante como o arame do cafezal.
aberta como a luz das estrelas distantes.
Indo sem saber para onde, junto
da multidão inumerável do silêncio.

Abre o teu seio para mim, amada,
imperatriz dos olhos puxados e rainha
dos povos azuis, cinzas e amarelos.

Se troco de de repente  de assunto
no meu canto diáfano,
me perdoem todos, mas
eu amo tanto!

Agora canto
para que a noite não me 
consuma
com tristeza e 
loucura.

Canto para ti, feiticeira do amor,
rainha das ilhas perdidas.
Por que me encanta cantar
com tua boca o meu
coração de litoral profundo.

Ah, vem que te espero
nesse mistério, ó rainha
das frutas estranhas.

Nessa dança poética
que salta dos meus
dedos para ti, nas
tuas longínquas terras
maravilhosas

(óh pernas formosas).

um poema

Amor, assim é o mundo:


uma luta


uma batalha constante.


Lutemos, por nós dois, amor.


Por que seremos um só coração

nessas injustiças tristes, nessas torpes aldeias vis.

Vem amada, vêm como um trem no meio da manhã,

e juntos iremos olhar o céu azul, a nuvem branca e o boi 

no 

campo...

15/07/2014

Adamantina, noite com muitas estrelas/ América do Sul

Não se deixe

Não se deixe seduzir
por sorrisos: eles
escondem lágrimas!

minha alma

e se a minha alma


se abrir como um pássaro:


me dê um abraço!

eu vi a luz

eu vi a luz

d' um sol transpirante

suava a terra, o planeta

inteiro

Sonata para raiz dos teus lábios vermelhos

Se me faltar o teu sorriso na manhã, ó minha amada,
a rosa estará tão triste e solitária.

Amada minha, só quero que seu sorriso
seja o meu pão, 
o leite da manhã que surge em meus olhos.

Amada, que não me falta o seu sorriso,
nem o teu amor no crepúsculo do dia.

Que não me falte a raiz dos teus beijos,
nem a rosa vermelha dos teus lábios
para me animar quando levanto para
ver-te o rosto de frondosa flor,
de pássaro perdido na terra em forma humana.

Não me falte o teu sorriso amada, porque isso me entristeceria.

É o jardim do teu sorriso que me alegra o espírito,
é a raiz da rosa vermelha da tua boca que me aquece o dia.
Amada, não falte o seu amor para mim, e o meu não faltará para contigo.

Boca de loba

Obscura boca de loba
que ama na sombra vermelha
percorrendo caminhos largos
saltando em bocas alheias.

Te amo como se fosses minha
como se a primavera fosse teu sorriso
tua boca fosse o outono
e teu coração meu amor perdido.

Como fumaça subiste aos céus
sem procurar dizer-me adeus.
Tímido eu te disse: fique.

Fique porque a tarde é lenta
fique porque o amor é profundo
fique porque é tu que eu amo obscura

boca de loba

Onde estará o teu sorriso?


Onde estará o teu sorriso?


Deve estar navegando nos mares


nas florestas obscuras do outono,


ou talvez estejam percorrendo


jardins imaginários e belos


do rio profundo da poesia


da tua boca salgada, dos


teus lábios de camarão hermoso.


Sim, és hermosa companheira, onde


estiver que esteja ali teu sorriso

entre gramas levemente pisadas

entre cogumelos tristemente floridos

sim, que ali esteja seu sorriso perdido

para alegrar as multidões dos meus

olhos sonolentos de caramujo

e meu corpo de baleia apaixonada.

Sino vibratório oceânico



Amada, onde estiveres



que ai eu esteja junto de ti,



sem prender você



sem domar o teu corpo




Se quiseres sejas minha



porque todos são e eu



sou de todos como uma



colher chilena




Obrigado amada



por ouvir meu poema



com tuas lindas orelhas


de sino vibratório oceânico.

outra vez te amo

outra vez te amo


ó amo de novo e novo

nesse grasnido de ganso


amo o meu povo e o teu corpo


todo

fábula da baleia

Sim, sou essa baleia que vaga,

sou esse imenso mamífero


nas profundezas salgadas das águas


do oceano


vagando vagabundo


com os meus filhos


com o meu amor


com minha família


com os tubarões (esses


ditos reis, santos, políticos)

em volta

na minha dança sonolenta

no meu caminho cheio desses plânctons

deliciosíssimos

esses legumes

balançando no fundo

com olhos de lula-gigante.

Não, criança, não sou um elefante.

Sou uma baleia repousando nas águas'

nua como um livro na biblioteca

sangrando de medo dos pescadores

e dos navio das águas pesqueiras.

Sim, sou uma imensa baleia. Eu vago pelo oceano, livremente!


esse poema


És esse rio sombrio, esse poema


como um galope de iguana,



sacudido pelas crinas de um cavalo.




Amada, perdoa minhas metáforas,


porque elas não tem



inspirações de tristeza.




Por isso o meu canto


é esse legume adormecido.

VÊ que canto, mas estou dormindo de felicidade nos teus braços.