domingo, 9 de fevereiro de 2014

Ode para Ana

Uma luz em teu rosto,
se via em você,
naqueles dias.
Seu corpo não
era frágil, e teus
cabelos, escuros
como pantera na
sombra da floresta
arrastavam-me 
encantado, e eu
me escondia
nas tuas
mechas
escuras.
E você me
via, e já não
era uma, pois
seus pelos eriçados
de prazer de carvão,
davam-me a certeza
de que naquela hora,
naquele dia, naquele
momento, tu eras mulher
e não felina.
Pantera, brilhavas por
onde quer que fosses.
Nos teus lábios, senti o
frescor da cerveja deslizante
e eu toquei suas nádegas com
suavidade de criança. E você
sorriu e me disse: _Vês longe? É um dia que
se vai.
E eu te abraçava, desesperadamente,
não querendo despertar do sonho,
não querendo sorrir diante do sofrimento.
E você me enfeitiçou, e das trevas e da morte
me salvou. Tu, querida, até direi, salvou-me
da própria tristeza da vida...

Foi em tua boca
serena e delicada
que senti o prazer
de duas bocas, duas
bocas como duas borboletas
desesperadas na água sexual
do amor...
Domei teu instinto primitivo e
tu conservou meu prazer em
teu rabo, em teus bigodes de gato
e eu me elevei como montanha.
E alguém, que não podia ser eu
e nem era outro a não ser o meu
querer-te, viu tua luz, uma luz doirada
assombrada,
dentro de uma lágrima
dentro de um barril de flores.

E a fumaça do teu corpo
se esboroou-se todo.
E eu me vi perdido e tu
se viu com outro.

E tua luz, hoje, acende
tão perto do outono, que
só o seu rugido de pantera
consegue, mio amor, espantar-me o sono todo..

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