segunda-feira, 11 de março de 2013

putinha literária

Não tinha nada para descrever suas pernas, seu jogo de cintura, sua força vital. Era plena, era loira, e era acima de tudo uma puta. Uma puta que escrevia livros, o que se torna um pouco controverso um discípulo de James Joyce como eu me sentir atraído por ela. Ah, como não ser seduzido por uma mulher da vida que diz ser leitora de Baudelaire, Ulisses ria junto comigo, enquanto tomávamos cerveja na frente do boteco mais precário que havia na cidade. Realmente ele tinha razão, olhar uma puta lindíssima fazendo programa, e após o coito sexual com ela, começar a decorrer sobre literatura, e poesia, parecia uma coisa surreal, abstrata, que jamais poderia acontecer. Aconteceu comigo e com ele. Ficamos amigos dela. Junto dela outra que gostava de ler beste-seller tontos de Sidney Sheldon. Eu gostava de ler na escola, ela disse, porque eu estudava muito. Depois decidi me prostituir, dá mais dinheiro do que ser secretária ou mulher de piãozinho. Mais a primeira discorria sobre literatura como uma professora de língua portuguesa jamais seria capaz de discorrer: Borges é um veadinho. Um veadinho acima de vários veadinhos. Eu gostava do jeito dela falar assim dos grandes escritores. Uma prostituta que sabia muita coisa sobre literatura. Muito mais do que algumas víboras que nos cercavam durante o tempo em que trabalhamos no jornal. Que belos olhos, que belas nádegas, e que bela poesia ela me fez, um dia antes de sumir no meio da noite. Creio que fora assassinada.

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