quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Reflexão ou do momento nada se aprende, ou Apenas um momento entre três amigos
Fumei um cigarro e depois atirei na cabeça dela. Guardei a arma e sai para andar. Andei pela calçada e achei um amigo, "Z". Ele vinha na contra-mão, contente, cantarolando uma música de Roberto Carlos. Assim como eu ele era um poeta. Mais entre nós dois o mais medíocre era simplesmente eu, então eu não me enganava em dizer que enquanto Z, era um consumidor vivo de Borges e Octavio Paz, eu seria apenas um perdedor da geração Bolañista.
Assassinei ela, falei enquanto eu lhe entregava um cigarro do meu bolso, não agora o que vai acontecer. Simples, ele me respondeu com firmeza, vais sair daqui e vai viajar para o Chile ou pro México. Lá você começa a trabalhar em contrabando e espera ser preso pela polícia norte-americana. Depois você se casa com uma japonesa, e vive feliz para sempre na Coréia do Sul.
Dei risada totalmente gostoso. É como se aquele assassinato que acabei de cometer não passava de ilusão, que não havia acontecido. Ele ficou em silêncio, observando as estrelas por cima dos seus cabelos (maiores que os meus, mesmo eu sendo um hippie assumidíssimo). Fiquei imaginando, se alguém naquele prédio, havia de ter escutado o barulho do tiro, da arma, que fez Bum... Na hora você não escuta o soar do revólver, e é meio estranho tudo isso. E não senti nenhum remorso, nenhum sentimento de pena. A matei, simplesmente isso... Z ainda fumava o cigarro, quando já me pedia outro. Lá longe avistei Liandro. Estava do mesmo jeito de antes, com a jaqueta negra sobre a costa, cobrindo apenas um braço, os cabelos castanhos caindo sobre o pescoço, e os lábios grandes e grossos. Z, Liando e eu eramos três membros dos poetas marginais... Talvez levaria horas e horas se eu ficasse a explicar o que diabos são esses poetas marginais... Isso é coisa pra outra hora, afinal eu tinha cometido um assassinato.
Matei ela, disse a Liandro após lhe abraçar e encarar seus olhos castanhos por alguns segundos. Ele sorriu, embora parecesse um pouco chocado não mostrou nada que me pudesse entrar em desespero, como chamar a polícia.
Não sabia que seria capaz de fazer isso... Você ficou desesperado por demais. A voz dele tinha um ar de quem está argumentando com uma criança, não me diga isso meu bom Liandro, e você sabe muito bem disso, do momento, das consequências que eu vou enfrentar.
Todos nós temos consequências meu bom amigo, Z falou calmamente, mais cada um tem um modo de levar essas "consequências", ao limite devido a falta de...
Tossiu profundamente.
Por favor, complete, pediu Liandro.
De conselhos bons... Mais deixe estar que isso passa meu bom amigo.
Fumamos os três diante da lua cheia que aparecia monstruosa no céu escuro e negro. E pela primeira vez, eu me sentia como um assassino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário