Vê se...


-para marianne moore

...me deixe aqui
nesse canto
do mar
sonhando com
peixes que querem
amar.
Aqui, ali, lá.
Sonhando com o mar.
Sereias são apenas
espumas brilhantes.
Me deixe aqui
nesse canto
do mar
sonhando com aves
mortas, engolidas
pelas lágrimas dos
continentes.
Por quê?
Porque a natureza é isso.
Um grande abismo.
Escamas duras.
Animais ariscos.

TELA - SEM TÍTULO / UNTITLED

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Cores



O amor foi por ali,
e, obrigado por
decifrá-lo, rosa de
brilho castanho.

O amor, essa fonte
de água que canta
canções de vento
e baladas alvas.

Por onde foi?
Na direção do vinagre,
no moinho da tarde,
com o leito das sombras.

Mas é um sonho,
aquela casa de água.
E o amor beija a
esperança rubra.

Balada da manhã em Itanhaém



Ruge a manhã, e tem sete
gritos contidos de romã.
Ruge a manhã, enquanto
o vento combate com
flores mortas e o jardim
tinge o outono de folhas
amarelas e frias de espelhos.

Ruge a manhã, e outrora
foram oito mariposas
pousadas nos olhos.
E descansaram como estrelas,
enquanto o sol, amarelo ovo,
cozinhava o verde com o azul.

Ruge a manhã, e tudo é calmo,
claro e sereno como as
vozes das meigas sereias negras
que de longe, do mar,
me acenam.

2018

Orgulho de escrever



É a voz amarga do sol,
do outro lado do espelho.
Uma luz embaçada de
sonhos e cristais verdes.

Silêncio.
Silêncio, porque componho
 o calor e o frio
na folha aberta de
palavras e tintas.
E faço o dia
não ser dia, e a noite,
chorando de amargura sem o sol,
iluminar lírios sem ventos.

Silêncio, porque a voz
amarga do sol nos queima.
E por isso estamos revivendo!

A morena e o lirismo



Voz morena, dos dias
incontáveis. O outono
adentra tuas nádegas
negras, e mariposas
repousam em tua alma.

Voz morena, da tua pele
o perfume das rosas
exalam a dança do amor,
coroada de prata e de luares.

Voz morena, minha casa,
minha imensa nuvem negra,
onde a colher e o sol
repousam em duas asas.

Voz morena, dos dias
incontáveis. Digo que te amo.
E sentes que é verdade!

Cantiga do coração



Meu coração é um muro de
vinagre.
Boa colheita do campo
eu tenho, quando
ando pela tarde.

Duro coração
feito de martelos
e foices de ferro.
Arde e bate como

uma bola de sol,
que brilha nua,
como uma rosa,
rubra, no jardim
incendiado.

Boa colheita do campo.
Meu coração se
                             parte.

Baladinha molhada de lágrimas



Muros de ferro
e girassóis choram
quando as lágrimas
tempestades 
                    nos colhem.

Os olhos são
sapinhos coloridos
pingando no meio
da chuva
e nos arbustos.

As lágriminhas
do tempo são
serafins e musas.

As poucas folhas
amarelas sonham.
E os muros com os
girassóis berrantes, cantam.

Pela cidade



Andei pela cidade
escura de noite.
E suas casas são
tumbas, e suas
janelas prisões
onde não adormece
o
      horizonte.

Carros e motos
parecem monstros
se atacando pela
rua cheia de luz.

Onde adormeceu os
querubins do outono?
E meus passos cinzentos?
De fósforo e dor?

Para onde foram?

Dormente e desperto coração


Dorme o coração,
fonte de mar e sinos.

Dorme o coração.
Rios são lágrimas.

Dorme o coração,
serena nuvens de galhos.

Desperta o coração,
fonte de mar e sinos.

Desperta o coração.
Rios são lágrimas.

Desperta o coração,
serenas nuvens de galhos.

(O HORÁRIO, O SOL).

sábado, 24 de março de 2018

Arte abstrata contemporânea - prévia

Arte abstrata contemporânea
-De g.a. lima-
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